Óleo de palma agora ameaça primatas na África

(KiltedArab/Thinkstock)

Talvez você não tenha reparado, mas o óleo de palma está presente em uma variedade de produtos do cotidiano, de alimentos processados a detergentes, cosméticos e produtos de higiene pessoal. Mas essa quase “onipresença” sai caro para o meio ambiente.

Nos dois principais países produtores de óleo de palma – Indonésia e Malásia, que respondem por mais de 80% da produção global – o cultivo da palmeira de dendê acontece, historicamente, às custas do desmatamento de florestas tropicais, o que gera conflitos com comunidades tradicionais e prejuízos à biodiversidade da região. Na ilha de Bornéu, a população de orangotangos, animais ameaçados de extinção, diminuiu em 80% nos últimos 75 anos.

 

Atentos à demanda global do produto e às pressões crescentes nos países produtores, as indústrias do setor voltam seus olhos para a África. Com suas terras tropicais adaptáveis ao cultivo de dendê, o continente surge como uma oportunidade para governos, indústria e pequenos produtores gerarem renda.

Mas as lições do Sudeste Asiático levaram uma equipe internacional de pesquisadores a avaliar recentemente o impacto potencial da expansão do cultivo de dendezeiros sobre os primatas que habitam o continente africano.

Composta por pesquisadores do CIRAD (Centro de cooperação internacional em pesquisa agronômica para o desenvolvimento) e do Centro de Pesquisa Conjunta da Comissão Europeia, a equipe combinou dados sobre processos de conversão da terra para esta cultura com dados sobre a distribuição, diversidade e o estado de vulnerabilidade dos animais.

A meta dos cientistas era identificar zonas onde o cultivo de dendezeiros seria o mais produtivo e que, ao mesmo tempo, teria um baixo impacto sobre os primatas.

Eles concluem que conciliar o desenvolvimento do dendezeiro na África e a conservação da biodiversidade será muito difícil: apenas 3,3 milhões de hectares (Mha) foram considerados adequados para o cultivo com baixo impacto para os animais, número que cai para 0,13 Mha se consideradas apenas terras de alto rendimento.

Para agravar o quadro, esses valores de 3,3 Mha e 0,13 Mha correspondem respectivamente a 6,2% e 0,2% dos 53 Mha de terra necessários para atender o aumento da demanda por óleo de palma estimado para 2050.

 

Plantação de óleo de palma na República Democrática do Congo. (© Andreas Brink / CIRAD/Divulgação)

Fonte Exame.abril.com.br